Acabei de assistir (em 24 horas) aos 13 capítulos de Orange Is The New Black, novíssima série da Netflix (não assinou ainda? boa e barata, difícil de acreditar, mas existe).
A história transcorre dentro de uma prisão feminina e tem a autoria de Jenji Kohan, a criadora de Weeds - podem esperar o mesmo humor inteligente e ácido.
Piper Chapman (Taylor Schilling) é presa 10 anos depois de ser a mula de Alex Vause (Laura Prepon, a lindona de That's 70 Show), também sua amante. Levando outra vida e noiva de Larry Bloom (Jason Biggs, o eterno "Jim American Pie"), ela tem que largar tudo e ir cumprir sua pena.
As detentas fazem o show, há uma enorme variedade de tipos, dramas e muito humor.
Agora é aguardar a próxima temporada, o sofrimento de quem é ligado em séries!
"You've Got Time" - música bacana de abertura da série:
Um portal para o Universo dos filmes do telão de cinema e para as séries da telinha da TV.
sábado, 27 de julho de 2013
Vinyan
Quando penso que nenhum filme mais irá me surpreender, surge um!
Não é um filme de horror, mas um drama sobre a obsessão: um casal perde o filho durante o tsunami na Tailândia, mas é possível também que ele tenha sido raptado e vendido.
Fotografia maravilhosa, além da história ímpar.
O título em português é tolo (Espíritos Condenados), prefiro o original, Vinyan.
Muita gente não entendeu o final, achei até óbvio, estava previsível bem antes dele acontecer. Mesmo assim, é chocante.
Assisti pela Netflix, aliás, tenho encontrado bons filmes no acervo deles.
Não é um filme de horror, mas um drama sobre a obsessão: um casal perde o filho durante o tsunami na Tailândia, mas é possível também que ele tenha sido raptado e vendido.
Fotografia maravilhosa, além da história ímpar.
O título em português é tolo (Espíritos Condenados), prefiro o original, Vinyan.
Muita gente não entendeu o final, achei até óbvio, estava previsível bem antes dele acontecer. Mesmo assim, é chocante.
Assisti pela Netflix, aliás, tenho encontrado bons filmes no acervo deles.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
Vítimas
Hoje assisti a um filme de supense/horror, classificado como B, chamado Victim e com o patétito título em português de Meu Passado me Condena, produzido em 2010. Pesquisando mais detalhes sobre ele, fiquei sabendo que em 1961, foi realizado outro filme com o mesmo nome e com a mesma versão do título, mas com enredo bem diferente.
"Feito em 1961, pelo diretor inglês Basil Dearden (1911-1971), é um dos primeiros filmes a falar abertamente sobre homossexualismo. Com a impressionante característica de que, na época, homossexualismo era crime na Grã-Bretanha, crime que dava cadeia, e era considerado tão grave – como diz um personagem – quanto assalto com violência." Fiquei muito interessada em vê-lo também, pelo tema e pela participação do ator Dirk Bogarde. Mais detalhes aqui.
Mas voltando ao primeiro filme, é uma interessante história de suspense e há algumas cenas um tanto escatológicas, mas o que me surpreendeu, à medida que ia assistindo, é que ela ia ficando muito parecida com a narrada em A Pele que Habito, do Almodóvar, filme realizado em 2011, logo, um ano após o Victim. Não quero entrar em detalhes para não eliminar a surpresa, apesar de que não a senti muito, já que havia visto o filme do espanhol e fui reconhecendo a trama, à medida que a película avançava.
Não posso afirmar com certeza que Almodóvar copiou a história ou inspirou-se nela, mas vendo os dois filmes, percebe-se imediatamente o mesmo foco e a mesma sequência de fatos, com ligeiras diferenças. Porém, há cenas idênticas. Claro que o diretor espanhol colocou a sua marca especial na obra, mas o que estou alertando aqui é que sua trama não é original. E Victim, apesar de ser rotulado como um filme de horror B, é uma boa realização, com atores talentosos, mesmo que quase desconhecidos.
Confiram e opinem!
"Feito em 1961, pelo diretor inglês Basil Dearden (1911-1971), é um dos primeiros filmes a falar abertamente sobre homossexualismo. Com a impressionante característica de que, na época, homossexualismo era crime na Grã-Bretanha, crime que dava cadeia, e era considerado tão grave – como diz um personagem – quanto assalto com violência." Fiquei muito interessada em vê-lo também, pelo tema e pela participação do ator Dirk Bogarde. Mais detalhes aqui.
Mas voltando ao primeiro filme, é uma interessante história de suspense e há algumas cenas um tanto escatológicas, mas o que me surpreendeu, à medida que ia assistindo, é que ela ia ficando muito parecida com a narrada em A Pele que Habito, do Almodóvar, filme realizado em 2011, logo, um ano após o Victim. Não quero entrar em detalhes para não eliminar a surpresa, apesar de que não a senti muito, já que havia visto o filme do espanhol e fui reconhecendo a trama, à medida que a película avançava.
Não posso afirmar com certeza que Almodóvar copiou a história ou inspirou-se nela, mas vendo os dois filmes, percebe-se imediatamente o mesmo foco e a mesma sequência de fatos, com ligeiras diferenças. Porém, há cenas idênticas. Claro que o diretor espanhol colocou a sua marca especial na obra, mas o que estou alertando aqui é que sua trama não é original. E Victim, apesar de ser rotulado como um filme de horror B, é uma boa realização, com atores talentosos, mesmo que quase desconhecidos.
Confiram e opinem!
sábado, 1 de junho de 2013
Fantaspoa 2013
Fantaspoa é um festival de cinema fantástico que acontece anualmente em Porto Alegre/RS.
Para saber mais sobre ele, leia aqui: Fantaspoa 2012 - uma porta para o inesperado
A edição desse ano não apresentou muitos títulos atraentes para mim, acho que a seleção continha muitos trashs & podreiras. Não sou contra o gênero, mas como disse anteriormente, penso que ele foi excessivo na programação.
Comentarei dois filmes que me agradaram, o primeiro deles, fantástico e o segundo, uma crítica à banalização do assassinato.
The Human Race/2012/Horror/Ficção Científica/EUA - 90 min - Direção: Paul Hough
Imagine que você está na rua, cumprindo suas rotinas diárias ou apenas tomando um pouco de sol e de repente, sem qualquer aviso ou explicação lógica, está num lugar dsconhecido, participando de uma corrida onde tem que lutar por sua vida.
80 pessoas participam dela e em suas cabeças ouvem as regras: "se você pisar na grama, morrerá; se você desviar do caminho, morrerá. Corra ou morrerá."
Não há tempo para tentar descobrir o que aconteceu, é preciso correr e correr. Algumas dessas pessoas estão acompanhadas, outras, sem ninguém com quem dividir a dor. Há velhos, crianças, uma grávida, psicopatas e solidários.
O final é surpreendente, claro que não vou revelar. Valeu a pena esperar por ele, não me decepcionou.
Canibal Vegetariano/2012/Horror/Drama/Croácia - 85 min - Direção: Branko Schmidt
Danko é um ginecologista ambicioso e imoral.
Ética é uma palavra que não consta no seu vocabulário, ele quer tornar-se diretor da clínica onde trabalha e faz qualquer coisa para atingir seu objetivo.
Paradoxalmente, é vegetariano, enquanto seus colegas de crimes deliciam-se com pedaços de carne, ele alimenta-se com pratos saudáveis, cheios de folhas, legumes e cereais.
É extremamente cuidadoso com sua saúde física e mental, mas, moralmente é um zero à esquerda.
Isso ajuda a derrubar o mito de que "vegetarianos são pessoas boazinhas"...
Descubram tudo o que Danko faz para "subir na vida" e tenho certeza que muitos agem dessa forma (ou muito semelhante) na vida real!
Aqui dá para assisti-lo, completo, com legendas em inglês:
Curioso foi assistir a uma versão rara de Godzilla: "Usando a colorização Spectrorama 70, Luigi Cozzi nos traz sua versão colorizada deste clássico. Além disso, utilizou uma trilha sonora original, cenas de outros filmes e de noticiários, criando uma nova versão deste filme. A única cópia conhecida do filme, a ser apresentada no Fantaspoa, é uma gravação de uma exibição na TV italiana, do acervo do próprio diretor."
É uma cópia da televisão mesmo, pudemos assistir até aos comerciais dos intervalos... rs
Particularmente, detesto filmes antigos colorizados, mas não pude deixar de conferir o resultado final desta versão.
Para saber mais sobre ele, leia aqui: Fantaspoa 2012 - uma porta para o inesperado
A edição desse ano não apresentou muitos títulos atraentes para mim, acho que a seleção continha muitos trashs & podreiras. Não sou contra o gênero, mas como disse anteriormente, penso que ele foi excessivo na programação.
Comentarei dois filmes que me agradaram, o primeiro deles, fantástico e o segundo, uma crítica à banalização do assassinato.
The Human Race/2012/Horror/Ficção Científica/EUA - 90 min - Direção: Paul Hough
Imagine que você está na rua, cumprindo suas rotinas diárias ou apenas tomando um pouco de sol e de repente, sem qualquer aviso ou explicação lógica, está num lugar dsconhecido, participando de uma corrida onde tem que lutar por sua vida.
80 pessoas participam dela e em suas cabeças ouvem as regras: "se você pisar na grama, morrerá; se você desviar do caminho, morrerá. Corra ou morrerá."
Não há tempo para tentar descobrir o que aconteceu, é preciso correr e correr. Algumas dessas pessoas estão acompanhadas, outras, sem ninguém com quem dividir a dor. Há velhos, crianças, uma grávida, psicopatas e solidários.
O final é surpreendente, claro que não vou revelar. Valeu a pena esperar por ele, não me decepcionou.
Canibal Vegetariano/2012/Horror/Drama/Croácia - 85 min - Direção: Branko Schmidt
Danko é um ginecologista ambicioso e imoral.
Ética é uma palavra que não consta no seu vocabulário, ele quer tornar-se diretor da clínica onde trabalha e faz qualquer coisa para atingir seu objetivo.
Paradoxalmente, é vegetariano, enquanto seus colegas de crimes deliciam-se com pedaços de carne, ele alimenta-se com pratos saudáveis, cheios de folhas, legumes e cereais.
É extremamente cuidadoso com sua saúde física e mental, mas, moralmente é um zero à esquerda.
Isso ajuda a derrubar o mito de que "vegetarianos são pessoas boazinhas"...
Descubram tudo o que Danko faz para "subir na vida" e tenho certeza que muitos agem dessa forma (ou muito semelhante) na vida real!
Aqui dá para assisti-lo, completo, com legendas em inglês:
Curioso foi assistir a uma versão rara de Godzilla: "Usando a colorização Spectrorama 70, Luigi Cozzi nos traz sua versão colorizada deste clássico. Além disso, utilizou uma trilha sonora original, cenas de outros filmes e de noticiários, criando uma nova versão deste filme. A única cópia conhecida do filme, a ser apresentada no Fantaspoa, é uma gravação de uma exibição na TV italiana, do acervo do próprio diretor."
É uma cópia da televisão mesmo, pudemos assistir até aos comerciais dos intervalos... rs
Particularmente, detesto filmes antigos colorizados, mas não pude deixar de conferir o resultado final desta versão.
sexta-feira, 15 de março de 2013
Django, o ex-escravo herói de Tarantino
Ontem assisti a Django, uma produção cinematográfica onde Tarantino reinventa, revitaliza e ressuscita o gênero faroeste (far, far west, baby!). Duas horas e 45 minutos de emoção, nenhum segundo de tédio. Não era comédia, mas ri muito; era um drama, mas não chorei, fiquei tensa. Enfim, um filme de mocinhos e bandidos, com os clássicos diálogos imensos e a costumeira violência e sangue esguichando por todos os lados - marcas da produção do realizador. Mas não é só isso, é claro. A relação de negros e brancos nos EUA da escravatura e do racismo (principalmente no Mississipi), dois anos antes de estourar a Guerra Civil, é mostrada de forma cruel, satírica e, muitos dizem, nada politicamente correta. A crítica alega que não haveria necessidade de mostrar tanto sangue e tripas e nem de falar a palavra criolo de 5 em 5 minutos, mas aí - desculpem - não seria um legítimo Tarantino!
O diretor investiu no "faroeste espaguete, subgênero mais violento, desenvolvido principalmente na Itália, em que o herói (ou anti-herói) é movido por motivos menos nobres, como vingança e fortuna."
O nome do personagem principal, encarnado em corpo e alma por Jamie Foxx, é uma alusão a "Django" (1966), filme de Sergio Corbucci estrelado por Franco Nero, que faz uma participação especial.
A música tema, que abre o filme, também lembra os bang-bangs italianos. Fonte: UOL Entretenimento/Cinema
A famosa sequência em que o Django de Franco Nero enfrenta membros da Ku Klux Klan usando a metralhadora que guarda em um caixão.
Samuel Lee Jackson, perfeito no papel do negro puxa-saco do sinhô, diz numa entrevista: "Conheço muito bem o Sul e gosto dele. Tenho um bom conhecimento da escravatura. Os americanos esqueceram-se que quando os cowboys exterminavam os índios, a escravatura era a coluna vertebral da economia do país, com as plantações de algodão e tabaco, os campos de cana de açúcar. Era trabalho forçado com uma maioria de negros mantidos prisioneiros por uma minoria de brancos. É o que mostra o nosso filme. Pergunta-se muitas vezes como os brancos puderam manter sob o seu jugo os seus escravos, que estavam em maioria numérica. Simplesmente pelo terror e pela intimidação!" Fonte: Revista Forum
Reunião estratégica entre o escravo puxa-saco e alcaguete e o mimado senhor: segundo o chefão, os negros não pensam mas ele é conduzido por um!
Essa declaração remete à cena antológica em que o sinhô Calvin Candie (Leonardo DiCaprio, já totalmente livre do fantasma do Titanic), nos dá uma aula de frenologia (teoria desenvolvida por volta de 1800, que admitia ser possível a determinação do caráter, características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça - lendo "caroços ou protuberâncias"; hoje - ainda bem - classificada como pseudociência). Com um crânio nas mãos, tal qual um Hamlet enlouquecido, ele tenta provar que os negros nasceram para ser dominados. Segundo ele, por isso não revoltavam-se, cumpriam o seu destino, escrito na constituiçã física. Fiquei com dúvidas a respeito da sanidade do sinhô, que era dirigido pelo Pai Tomás a tiracolo, admirava seres humanos matando-se em combates violentos corpo a corpo no chão da sua sala sofisticada e que parecia manter relações incestuosas com a irmã sinházinha. Doentes deviam ser todos por ali, imaginem o estrago que o excesso de consumo de açúcar fazia numa plantation de cana, o diabetes corria solto! Para informar-se: Sugar Blues - O gosto amargo do açúcar
To be or not to be?
Outra dúvida me assaltou: O deputado e pastor de ovelhas humanas, Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos, seria também um adepto e admirador dessa pseudociência, para embasar sua antipatia pela raça negra? Oremos!
Cena que, certamente, vai se tornar cult, é a que aborda um ataque da Ku Klux Klan, onde o motivo principal de uma discussão entre os membros do grupo é a funcionalidade do saco com dois furos que usam na cabeça. Cria-se um diálogo doido e hilário, dá para entender porque o filme ganhou o Oscar de roteiro original, Tarantino escreve genialmente e seus diálogos são inimitáveis. Aliás, o cineasta tem sua participação tradicional, atuando em uma cena que tem um final bombástico.
Dá pra enxergar o caminho, no escuro e com um saco toscamente perfurado na cabeça?
E quando pensamos que Django é, basicamente, uma história de amor - Siegfried precisa libertar sua amada Brunhilde - percebemos que é esse sentimento que comanda a vida dos seres humanos - o próprio ódio é uma distorção do amor. Amor e ódio caminham juntos pelas pradarias e rochedos dos EUA e Django é pleno de ambos. Não poderia encerrar o post sem falar sobre o dr. King Schultz (Christoph Waltz, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante), um filósofo realista, e ao mesmo tempo, sonhador, que não resiste a matar os homens maus. Ele liberta Django inteiramente: o físico, a mente e alma do escravo. O Mestre encontra o Discípulo no momento oportuno - estava escrito nas estrelas essa colisão.
Django (Django Livre, no Brasil... arghhhh) merecia ter levado mais Oscars; filmes menos marcantes já paparam quase todas as estatuetas de uma vez só. Ainda não assisti aos demais oscarizados deste ano, mas Django já me conquistou plenamente.
E pra quem gostou do filme e também curte quadrinhos, um presentão - a graphic novel DJANGO UNCHAINED - cinco volumes pra baixar e esbaldar-se (por enquanto, somente em inglês): Django Unchained/Graphic Novel
O diretor investiu no "faroeste espaguete, subgênero mais violento, desenvolvido principalmente na Itália, em que o herói (ou anti-herói) é movido por motivos menos nobres, como vingança e fortuna."
O nome do personagem principal, encarnado em corpo e alma por Jamie Foxx, é uma alusão a "Django" (1966), filme de Sergio Corbucci estrelado por Franco Nero, que faz uma participação especial.
A música tema, que abre o filme, também lembra os bang-bangs italianos. Fonte: UOL Entretenimento/Cinema
A famosa sequência em que o Django de Franco Nero enfrenta membros da Ku Klux Klan usando a metralhadora que guarda em um caixão.
Samuel Lee Jackson, perfeito no papel do negro puxa-saco do sinhô, diz numa entrevista: "Conheço muito bem o Sul e gosto dele. Tenho um bom conhecimento da escravatura. Os americanos esqueceram-se que quando os cowboys exterminavam os índios, a escravatura era a coluna vertebral da economia do país, com as plantações de algodão e tabaco, os campos de cana de açúcar. Era trabalho forçado com uma maioria de negros mantidos prisioneiros por uma minoria de brancos. É o que mostra o nosso filme. Pergunta-se muitas vezes como os brancos puderam manter sob o seu jugo os seus escravos, que estavam em maioria numérica. Simplesmente pelo terror e pela intimidação!" Fonte: Revista Forum
Reunião estratégica entre o escravo puxa-saco e alcaguete e o mimado senhor: segundo o chefão, os negros não pensam mas ele é conduzido por um!
Essa declaração remete à cena antológica em que o sinhô Calvin Candie (Leonardo DiCaprio, já totalmente livre do fantasma do Titanic), nos dá uma aula de frenologia (teoria desenvolvida por volta de 1800, que admitia ser possível a determinação do caráter, características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça - lendo "caroços ou protuberâncias"; hoje - ainda bem - classificada como pseudociência). Com um crânio nas mãos, tal qual um Hamlet enlouquecido, ele tenta provar que os negros nasceram para ser dominados. Segundo ele, por isso não revoltavam-se, cumpriam o seu destino, escrito na constituiçã física. Fiquei com dúvidas a respeito da sanidade do sinhô, que era dirigido pelo Pai Tomás a tiracolo, admirava seres humanos matando-se em combates violentos corpo a corpo no chão da sua sala sofisticada e que parecia manter relações incestuosas com a irmã sinházinha. Doentes deviam ser todos por ali, imaginem o estrago que o excesso de consumo de açúcar fazia numa plantation de cana, o diabetes corria solto! Para informar-se: Sugar Blues - O gosto amargo do açúcar
To be or not to be?
Outra dúvida me assaltou: O deputado e pastor de ovelhas humanas, Marco Feliciano, presidente da Comissão de Direitos Humanos, seria também um adepto e admirador dessa pseudociência, para embasar sua antipatia pela raça negra? Oremos!
Cena que, certamente, vai se tornar cult, é a que aborda um ataque da Ku Klux Klan, onde o motivo principal de uma discussão entre os membros do grupo é a funcionalidade do saco com dois furos que usam na cabeça. Cria-se um diálogo doido e hilário, dá para entender porque o filme ganhou o Oscar de roteiro original, Tarantino escreve genialmente e seus diálogos são inimitáveis. Aliás, o cineasta tem sua participação tradicional, atuando em uma cena que tem um final bombástico.
E quando pensamos que Django é, basicamente, uma história de amor - Siegfried precisa libertar sua amada Brunhilde - percebemos que é esse sentimento que comanda a vida dos seres humanos - o próprio ódio é uma distorção do amor. Amor e ódio caminham juntos pelas pradarias e rochedos dos EUA e Django é pleno de ambos. Não poderia encerrar o post sem falar sobre o dr. King Schultz (Christoph Waltz, vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante), um filósofo realista, e ao mesmo tempo, sonhador, que não resiste a matar os homens maus. Ele liberta Django inteiramente: o físico, a mente e alma do escravo. O Mestre encontra o Discípulo no momento oportuno - estava escrito nas estrelas essa colisão.
O doutor alemão e o escravo negro liberto - uma dupla inusitada.
Cristoph Waltz e Jamie Foxx, afinadíssimos.
Django (Django Livre, no Brasil... arghhhh) merecia ter levado mais Oscars; filmes menos marcantes já paparam quase todas as estatuetas de uma vez só. Ainda não assisti aos demais oscarizados deste ano, mas Django já me conquistou plenamente.
E pra quem gostou do filme e também curte quadrinhos, um presentão - a graphic novel DJANGO UNCHAINED - cinco volumes pra baixar e esbaldar-se (por enquanto, somente em inglês): Django Unchained/Graphic Novel
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Cópia Fiel
Cópia Fiel (Certified Copy/Copie Conforme/2010, de Abbas Kiarostami, com Juliette Binoche e William Shimell) é um filme lento e suave. As cenas iniciais são vagarosas e podem até afastar o espectador menos paciente, mas vale a pena esperar pelo que vem adiante. Assim como existem a obra original e a cópia, o filme brinca com a realidade e a ficção. Há momentos em que ficamos com dúvidas sobre o que é fantasia e o que é real, mas depois entramos no jogo dos personagens e é delicioso brincar dessa forma.
Juliette Binoche, além de linda, atua com perfeição, lida naturalmente com a câmera e nos seduz com sua voz quente, entoada em três idiomas. Ela é o filme, não há filme sem a sua presença ora doce, ora eloquente ou zangada, ora amorosa, sensual, dramática. Vamos nos identificando com os diálogos que os dois criam, são palavras que já dissemos a alguém em algum momento. As situações do casal são cotidianas mas tão bem articuladas que tornam-se preciosas na sua simplicidade. Sem esquecer a beleza da região da Toscana, ensolarada, verde e florida.
No livro que William Shimell escreveu, ele diz que cópias têm tanto valor quanto o original. Dessa forma, a história desenrola-se, com os personagens assumindo seus papéis ordinários e inventando outros, que gostariam que fossem tão reais quanto os primeiros. Há diferença entre eles, quando ambos podem coexistir e ambos podem fazer o casal emocionar-se? Li algumas críticas que citam o filme de Rossellini, Viagem à Itália (1953), como tendo paralelos com Cópia Fiel, como não o assisti fiquei curiosa e já o coloquei na minha lista de prioridades cinematográficas.
Cópia Fiel é filme para ser visto muitas vezes, a cada novo olhar descobrimos detalhes não observados e absorvemos ainda mais as frases ditas pelo casal, procurando sinais do original e da imitação e percebendo que eles acabam fundindo-se em algumas ocasiões e nos deixando confusos, mas encantados. A cena final no hotel foi a mais romântica que vi no cinema, o texto de Juliette, comovente, nunca houve tanta sensualidade e amor num encontro onde duas pessoas mantiveram-se distantes fisicamente. Apenas o movimento da mão dela sobre a colcha da cama parece simular a necessidade desse contato, de uma forma tão tímida e, ao mesmo tempo, tão convidativa.
Apesar de ter um papel secundário no filme, o filho de Juliette (Adrian Moore) apresenta uma interpretação que revela-se importante na trama, o jovem esperto que quer ganhar do adulto de qualquer jeito, ficar com a palavra final, que observa tudo embora absorto em suas atividades - a relação deles também nos faz sentir intimidade com algo ocorrido em nossas vidas, seja quando fomos adolescentes ou se tivemos filhos que atravessaram essa fase. O envolvimento entre mãe e filho é significativo para que o casal construa seu castelo de sonhos, já que o garoto faz parte da suposta visão que influenciou Willliam a escrever o livro, objeto de ligação de todos e de tudo na película.
Não entendeu nada quem rotulou o filme como uma comédia romântica.
Juliette enfeita-se para agradar ao "marido".
Ela e o flho não caminham juntos.
Tudo agita-se quando eles começam a encenação.
Doce e romântica sedução, a mais bela de todas.
Viagem á Itália (1953) - um paralelo?
Juliette Binoche, além de linda, atua com perfeição, lida naturalmente com a câmera e nos seduz com sua voz quente, entoada em três idiomas. Ela é o filme, não há filme sem a sua presença ora doce, ora eloquente ou zangada, ora amorosa, sensual, dramática. Vamos nos identificando com os diálogos que os dois criam, são palavras que já dissemos a alguém em algum momento. As situações do casal são cotidianas mas tão bem articuladas que tornam-se preciosas na sua simplicidade. Sem esquecer a beleza da região da Toscana, ensolarada, verde e florida.
No livro que William Shimell escreveu, ele diz que cópias têm tanto valor quanto o original. Dessa forma, a história desenrola-se, com os personagens assumindo seus papéis ordinários e inventando outros, que gostariam que fossem tão reais quanto os primeiros. Há diferença entre eles, quando ambos podem coexistir e ambos podem fazer o casal emocionar-se? Li algumas críticas que citam o filme de Rossellini, Viagem à Itália (1953), como tendo paralelos com Cópia Fiel, como não o assisti fiquei curiosa e já o coloquei na minha lista de prioridades cinematográficas.
Cópia Fiel é filme para ser visto muitas vezes, a cada novo olhar descobrimos detalhes não observados e absorvemos ainda mais as frases ditas pelo casal, procurando sinais do original e da imitação e percebendo que eles acabam fundindo-se em algumas ocasiões e nos deixando confusos, mas encantados. A cena final no hotel foi a mais romântica que vi no cinema, o texto de Juliette, comovente, nunca houve tanta sensualidade e amor num encontro onde duas pessoas mantiveram-se distantes fisicamente. Apenas o movimento da mão dela sobre a colcha da cama parece simular a necessidade desse contato, de uma forma tão tímida e, ao mesmo tempo, tão convidativa.
Apesar de ter um papel secundário no filme, o filho de Juliette (Adrian Moore) apresenta uma interpretação que revela-se importante na trama, o jovem esperto que quer ganhar do adulto de qualquer jeito, ficar com a palavra final, que observa tudo embora absorto em suas atividades - a relação deles também nos faz sentir intimidade com algo ocorrido em nossas vidas, seja quando fomos adolescentes ou se tivemos filhos que atravessaram essa fase. O envolvimento entre mãe e filho é significativo para que o casal construa seu castelo de sonhos, já que o garoto faz parte da suposta visão que influenciou Willliam a escrever o livro, objeto de ligação de todos e de tudo na película.
Não entendeu nada quem rotulou o filme como uma comédia romântica.
Juliette enfeita-se para agradar ao "marido".
Ela e o flho não caminham juntos.
Tudo agita-se quando eles começam a encenação.
Doce e romântica sedução, a mais bela de todas.
Viagem á Itália (1953) - um paralelo?
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